Regras da UEFA “salvam” FC Porto do incumprimento, até 31 de dezembro de 2023
No FC Porto, não há pressão para vender jogadores a qualquer preço até o final do mês, e o presidente Pinto da Costa deixou claro internamente e para os agentes dos jogadores que só permitirá a saída de atletas mediante o pagamento de suas cláusulas de rescisão.
Caso contrário, a direção do clube assumirá os riscos e se encarregará de oferecer a Sérgio Conceição, que recusou uma oferta milionária do Al Hilal para permanecer no FC Porto, um elenco competitivo, que será reforçado naturalmente.
Fernando Gomes, administrador financeiro do clube, reconheceu a necessidade de gerar mais-valias – embora não tenha dado uma quantificação precisa, estima-se em cerca de 50 milhões de euros antes do encerramento do exercício, em 30 de junho – para equilibrar as contas. No entanto, o jornal O JOGO sabe que isso não causará problemas nem riscos de penalização por parte das entidades do futebol europeu.
As regras de licenciamento têm algumas exceções, uma das quais permite que, por exemplo, para a temporada 2023/24, os gastos com salários e transferências – conhecido como rácio do custo do elenco – possam atingir 90% das receitas, em vez de 70%. Em outras palavras, um clube pode gastar um pouco mais do que o estabelecido inicialmente. Além disso, e mais importante para o FC Porto, o período de cálculo é o ano civil, não a temporada. Isso significa que a próxima verificação das contas pela UEFA só ocorrerá em 31 de dezembro de 2023, o que permite que as eventuais vendas sejam realizadas até o fechamento do mercado, sem a pressão dos prazos.
No entanto, a direção do clube sabe que também precisa reduzir em 10% o capital próprio negativo (diferença entre o valor do ativo e do passivo). Em 2022, de acordo com o último relatório financeiro, esse valor era de 122,028 milhões de euros, o que significa que a redução não pode ser inferior a 12 milhões de euros. Além das vendas que possam ocorrer, a SAD do FC Porto buscará alternativas para minimizar o impacto negativo nas contas. Isso inclui redução de custos com a estrutura, antecipação de receitas ou até mesmo a fusão de algumas empresas relacionadas ao clube, o que aumentaria o capital social da sociedade.
No primeiro semestre de 2022/23, a SAD do FC Porto registrou um prejuízo de 9,9 milhões de euros, e desde então não teve receitas extraordinárias significativas, exceto pelos 9,6 milhões de euros obtidos pela classificação para as oitavas de final da Liga dos Campeões e os 7,5 milhões de euros da venda de Diogo Leite para o Union Berlim. Como a necessidade expressa por Fernando Gomes de gerar mais-valias até sexta-feira não deverá ser alcançada, é inevitável que a SAD apresente prejuízo nas contas anuais, faltando ainda determinar o valor exato. O que se sabe é que, de acordo com as regras do fair play financeiro da UEFA, a sociedade não pode acumular um prejuízo superior a 5 milhões de euros nos últimos três anos. Portanto, considerando os lucros de 19,3 milhões de euros em 2020/21 e 20,8 milhões de euros no ano passado, há espaço para um déficit de até 45 milhões de euros.