Árbitro do FC Porto-Cardiff está a ser notícia pela história de vida, ter fugido aos talibãs e refugiar-se em Portugal
Halim Shirzad foi o árbitro do jogo entre FC Porto e Cardiff City. Embora o nome seja invulgar para um árbitro em terras portuguesas, Halim, um afegão de 31 anos, é um árbitro internacional no seu país e está atualmente integrado na Associação de Futebol de Santarém (AF Santarém). Na temporada de 2023/24, ele poderá arbitrar partidas da 2ª Liga portuguesa.
O que torna a história de Halim Shirzad ainda mais notável é o facto de ser um refugiado afegão que escolheu Portugal para recomeçar a sua vida. Sendo árbitro internacional desde 2019, precisou recomeçar tudo do zero, também na arbitragem, após chegar a Portugal. Depois de trabalhar em jogos distritais em Santarém, foi convidado pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) a participar no curso de formação de elite de árbitros de futebol, permitindo-lhe agora arbitrar jogos no segundo escalão português.
Numa entrevista recente à Lusa, Halim Shirzad expressou o seu objetivo de voltar ao topo da arbitragem, mas desta vez em Portugal. A sua perseverança e trajetória inspiradora têm sido notáveis na sua busca por uma carreira bem-sucedida na arbitragem no país.
“Deram-me muita confiança quando cheguei. Todos procuraram ajudar, mesmo os árbitros com que convivi. Estou muito feliz e agradecido pela oportunidade que a Federação me deu. Sei que não será fácil, mas o objetivo é chegar ao nível mais alto em Portugal”, disse o árbitro.
No Afeganistão, Halim Shirzad teve uma carreira inicial como futebolista em Cabul, mas acabou por se tornar árbitro. Sua vida com a esposa e filho estava bem até que os Talibãs trouxeram instabilidade e medo novamente ao país. Diante dessa situação, ele tomou a difícil decisão de deixar o Afeganistão. Inicialmente, o Canadá era o destino desejado para buscar refúgio.
No entanto, os seus planos mudaram quando uma seleção jovem afegã veio a Portugal para um torneio e, na época, a sua esposa trabalhava na federação afegã de futebol. Essa conexão com Portugal fez com que ele optasse por recomeçar a vida no país, em busca de um futuro mais seguro e estável para sua família.