Luís Rubiales reagiu ao pesado castigo que recebeu
Luis Rubiales respondeu na segunda-feira à decisão da FIFA que o suspendeu por três anos de todas as atividades relacionadas com o futebol devido ao controverso beijo a Jenni Hermoso durante as celebrações da seleção espanhola após a vitória no Mundial feminino.
Num extenso comunicado publicado nas redes sociais, o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) reagiu:
“Hoje, 30 de outubro de 2023, fui notificado pela FIFA sobre a decisão FDD-15763. A partir de agora anuncio que vou recorrer. Mas a partir de agora quero contar uma história sobre o que aconteceu nesse procedimento. Após ser notificado em 24 de agosto sobre a abertura do processo pela FIFA, foi-me concedido o prazo de 10 dias para expor a minha posição a respeito dos factos descritos nos documentos do referido processo. No dia 26 de agosto, a FIFA, por meio do presidente da Comissão Disciplinar, às 4h28 na Colômbia, contactou por e-mail a Sra. Jenni Hermoso, solicitando a confirmação de que a declaração que havia sido publicada pelo sindicato FUTPRO deveria ser considerada “suas palavras”. Às 5h47 na Colômbia a jogadora respondeu a dizer: “Muito obrigada por este e-mail. Confirmo que a publicação é minha”. E às 6h59, na Colômbia, fui notificado da imposição de uma suspensão cautelar por um período de 90 dias, juntamente com a proibição de entrar em contacto, direta ou indiretamente, com a senhora Hermoso ou com a sua comitiva.
Ou seja, 2 dias depois de me ter sido concedido um prazo de 10, fui notificado da suspensão cautelar do meu cargo de Presidente da RFEF, sem me terem ouvido. Uma hora e 12 minutos após receber o e-mail da jogadora e sem me darem a oportunidade de testemunhar ou fornecer qualquer prova, fui suspenso dos meus cargos pela FIFA. O procedimento da FIFA tem-se caracterizado por emitir decisões SEM FUNDAMENTOS, o que em termos práticos me impediu de interpor recurso imediatamente, o que por sua vez significa que, a partir de hoje, tenho 66 dos 90 dias suspensos sem sequer ter uma audiência completa para me defender. Com base na primeira decisão que me suspendeu provisoriamente por 90 dias e que só foi proferida no dia 15 de setembro e notificada no dia 19, a Comissão Disciplinar fundamentou a decisão e a urgência no facto de “a minha presença como presidente da RFEF poder impedir a administração da justiça” (no procedimento disciplinar da FIFA).
No entanto, a decisão do Comité de Recurso rejeitou o meu recurso a 29 de setembro, apesar de, a 11 de setembro, ter apresentado a demissão tanto do meu cargo na RFEF como na UEFA, onde ocupei a Vice-Presidência. Se já não ocupo qualquer cargo no mundo do futebol, como posso constituir um perigo para o processo por ter um cargo? Mais uma vez tudo foi notificado SEM FUNDAMENTOS, fundamentos que hoje, 30 de outubro, ainda não me foram comunicados, impedindo-me de mais uma vez recorrer da decisão ao CAS. E, tudo isto, apenas no que diz respeito às medidas cautelares impostas. Relativamente ao processo disciplinar em si, insistindo no facto de estar sancionado há 66 dias, ainda não me foi concedida qualquer audiência. Foi solicitada audiência para poder apresentar pessoalmente os meus argumentos perante a Comissão Disciplinar, mas foi negada SEM EXPLICAÇÃO DO MOTIVO.
Denunciei repetidamente, perante a própria FIFA e perante o CAS, que a Comissão Disciplinar decidiu desde o início incluir no processo apenas as declarações das pessoas que, segundo a imprensa, testemunharam contra mim perante o Tribunal Nacional, notícia que deu uma ideia negativa em relação a mim, sem nunca ter em conta qualquer notícia ou publicação em qualquer outro sentido. Entendo que qualquer órgão deve levar em conta todas essas provas disponíveis e não apenas as provas que sustentam a versão da parte que me quer condenar. Além do mais, estas opiniões, estas declarações, foram feitas ocasionalmente, mesmo por pessoas que não fazem parte do procedimento.
Preconceito que chegou a ser declarado pela Secretaria-Geral da FIFA como a “maior desgraça do mundo do futebol”, declarações que põem em causa a imparcialidade e independência das organizações que dirigem, e que não se concretizaram em torno de arquivos de casos muito mais sérios. Partindo da presunção de inocência que todos temos – ou devíamos ter -, cada um pode tirar as suas próprias conclusões sobre a forma como a FIFA atua em comparação com o meu processo e outros assuntos, em que pelo menos o arguido teve a oportunidade de apresentar as suas alegações antes de receberem uma sanção provisória (se a receberam). Além disso, alguns deles não foram suspensos, sendo o caso anterior ao meu e as acusações muito mais graves, o que lhes permitiu continuar a praticar o contrário do que aconteceu no meu processo.
É óbvio que o linchamento político e mediático recebido gerou uma onda que fez com que certas instituições quisessem agir de determinada forma, além de preservar a presunção de inocência ou dar a todas as partes as mesmas oportunidades para que o processo fosse justo e proporcionado. Deixo que cada um tire suas próprias conclusões. Também estou certo de que, apesar dos esforços de alguns políticos, meios de comunicação social e instituições, a desproporção e a injustiça cometidas nesta matéria estão a tornar-se cada vez mais evidentes. As pessoas hoje também estão a perceber isso de forma maioritária. Depois da notícia de hoje sobre a decisão da comissão, que a FIFA tornou pública tão rapidamente, que nem tive tempo de saber pelo meu próprio e-mail mas sim pelos meios de comunicação, já que foi publicada ao mesmo tempo que me foi enviada, e tendo em conta que ainda não nos forneceram OS FUNDAMENTOS (DE NOVO), só posso assegurar que em todos os momentos mantive uma versão dos acontecimentos, que é a verdade do que aconteceu e que é a mesma que irei guardar até o término do procedimento. Irei até o último recurso para que a justiça seja feita e a verdade brilhe”.
DECISIÓN FIFA:
Llegaré hasta la última instancia para que se haga justicia y resplandezca la verdad💪
Por muchos esfuerzos de algunos políticos, medios e instituciones, cada vez está más clara la desproporción e injusticia cometida✅
LA GENTE, MUY MAYORITARIAMENTE, LO TIENE CLARO pic.twitter.com/3z7hKMDw2R— Luis Rubiales (@LuisRubiales17) October 30, 2023