Abel Ferreira estava em campo quando Miklos Fehér colapsou e relembrou o momento em entrevista
Há duas décadas, Miklos Fehér faleceu. A 25 de janeiro de 2004, durante o jogo entre V. Guimarães e Benfica no Estádio Dom Afonso Henriques, o jogador húngaro desmoronou-se no campo, deixando todos os presentes chocados, incluindo jogadores, público e demais envolvidos na partida. Imediatamente, a equipa médica do Benfica entrou em ação, fazendo todos os esforços para tentar reanimar Fehér. O impacto da situação foi evidente em todos os participantes, tanto nos jogadores das águias como nos vimaranenses.
Abel Ferreira, atual treinador do Palmeiras, estava em campo naquele momento, a jogar como defesa-direito pelo Vitória. Numa entrevista exclusiva ao jornal Record, Abel recordou de forma muito emocionada o dia que ficou gravado na sua memória.
“Foi um momento marcante na minha vida desportiva, foi um choque para todos nós. Lembro-me que os médicos tentaram fazer tudo o que podiam. Na altura nem sequer puderam usar o desfibrilador uma vez que estava a chover. Foi um dia muito chuvoso e lembro-me que depois fomos todos para o hospital, os jogadores do Benfica e do Vitória de Guimarães. Foi algo muito marcante e intenso: não se está à espera que a um jogador de futebol, de perfeita saúde, lhe possa acontecer aquilo que aconteceu. Tu não queres acreditar. Lembro-me perfeitamente que isso não era possível. Quando vês as imagens ficas ainda mais chocado e é por isso que falo muitas vezes que devemos viver o aqui e o agora de forma intensa. Isso porque realmente todos nós temos um destino e esse é o destino de todos nós. Ainda bem que não sabemos quando vai ser, mas é assim que funciona. Foi algo muito duro na altura…”, começou por dizer.
“Na altura, eu era ainda muito jovem e logicamente foi algo que me marcou para a vida e que tenho bem presente na minha memória. Não pelos melhores motivos, mas a vida é mesmo assim. Mas realmente o que posso dizer é que, dentro do campo, houve uma solidariedade imensa e fomos todos ao hospital e era algo que não conseguias acreditar que pudesse ter acontecido. Recordo-me que, mesmo passados uns dias de isso ter acontecido, andávamos todos sempre preocupados, já que treinamos sempre com muita intensidade, o nosso coração anda sempre em alta rotação. Alguns dias mais tarde, estava na mesma um pouco ansioso e preocupado por tudo que tinha acontecido. É isto que tenho na memória”, concluiu.