João Noronha Lopes discursou na AG do Benfica e não deixou nada por dizer
Na Assembleia Geral do Benfica desta sexta-feira, João Noronha Lopes criticou severamente o Relatório e Contas apresentado pela direção liderada por Rui Costa. O sócio destacou a falta de rigor na gestão do clube e considerou que as contas refletem um “descontrolo” que persiste há algum tempo.
“Vejam o fervor clubístico dos sócios mais antigos quando sobem a este púlpito. Assistam ao entusiasmo de uma nova geração de benfiquistas, juntem-se aos muitos sócios de fora de Lisboa que fazem centenas de quilómetros para aqui estar, mas nunca digam que nós não representamos o Benfica (aplausos). Agradeço ao senhor presidente da Mesa da AG pela forma serena como conduziu a segunda parte dos trabalhos. Agora é crucial retirar as ilações do que correu mal e concluir com celeridade o processo de revisão de estatutos. Senhor presidente, na última AG dirigi-me a si para o elogiar. Hoje critico face a algumas das suas decisões. Quanto ao Relatório e Contas, mais do que a alegria do que ganhar o próximo jogo hoje preocupa-nos que futuro espera o Benfica em resultado de uma gestão pouco rigorosa. A palavra que melhor define este RC é descontrolo, que não é de hoje. Na SAD, as contas mostram um desequilíbrio de curto prazo muito superior a 100 M€. Não há contas certas quando não há controlo. No início do mandato prometeu uma gestão financeira equilibrada com foco no sucesso desportivo. Hoje em dia não temos uma coisa nem outra”, começou por dizer.
“Assistimos a sinais preocupantes de organização interna. Senhor presidente, não será o passado a tornar o Benfica cada vez maior. Precisamos de visão e estratégia para o futuro. Os benfiquistas querem saber onde queremos estar daqui a 5 ou 10 anos. Como podemos crescer de forma sustentável? Como podemos garantir a competitividade? Qual é o plano reverter este processo de desvalorização? Estas perguntas exigem resposta. Hoje há um vazio provocado pela ausência de liderança do Benfica em discussões centrais do futebol português. Não podemos ficar à mercê de decisões que não sejam do nosso interesse, como nos direitos televisivos”, continuou
“O Benfica tem de ser líder e nunca um seguidor. Aos recados do presidente da Liga sobre os direitos televisivos devemos responder sem hesitações: o Benfica não aceita paternalismos de ninguém (aplausos) e deve ocupar o espaço no futebol português à medida da sua grandeza e da contribuição para a indústria do futebol. Nunca saindo enfraquecidos de qualquer negociação futura porque, senhor presidente, não podemos ser rápidos a desmentir notícias de jornais e ficar calados quando o momento exige uma resposta”, disse ainda.
“O nosso futuro constrói-se com uma liderança forte, com uma visão clara, com uma estratégia de longo prazo e com as melhores pessoas do nosso lado. É isso que nós benfiquistas esperamos. Todos queremos muito ganhar e estaremos daqui para a frente todos com Bruno Lage e com a equipa até ao Marquês, sempre tendo presentes as palavras de Cosme Damião: ‘não somos benfiquistas de coração porque esse um dia pára, somos benfiquistas de alma porque essa é eterna”, concluiu.