Rúben Semedo revelou o único jogador que o visitou quando esteve preso em 2018
Rúben Semedo, atualmente jogador do Al Khor, no Qatar, vive uma vida tranquila em Doha, mas o seu passado continua marcado por episódios difíceis.
Em entrevista à Marca, o central português de 30 anos abriu-se sobre os momentos mais duros da sua vida, incluindo o período em que esteve preso, em 2018, enquanto jogava no Villarreal, após ser acusado de vários crimes, como tentativa de homicídio, sequestro, agressões e posse ilegal de armas.
Sobre a experiência na prisão, Semedo revelou: “O que mais me marcou não foi o que eu vi, mas a rotina. Ou seja, alguém que te diz quando te deves deitar, quando deves comer, o que podes e não podes fazer, e há homens de 30, 40 anos a ouvir e a fazer, e a rotina mata-te. Fazer todos os dias a mesma coisa. E no final não tens a liberdade de pegar no telefone e ligar à tua família, de fazer sexo e ir comer fora. O que eu mais sentia falta não era de jogar futebol, mas de estar em casa, a ver Netflix, a jogar às cartas, a beber um copo de vinho, a partilhar com a família. Sim, obviamente tive medo, desde o primeiro dia. É algo a que não estava habituado, do género que se vê nos filmes… muito assustador. Vi muitas coisas. E são assustadoras.”
O impacto mental e físico foi significativo, conforme admitiu: “Eu era gordinho. Pesava 106 quilos, e normalmente tenho 89. Pensava que era forte, mas tinha uma barriga… Fazia desporto, mas a comida é mais importante. Muita gordura e pão. Eu era muito gordo.”
Gelson Martins, antigo colega no Sporting, foi o único a visitá-lo na prisão, algo que Semedo recorda com emoção: “Não é um colega de equipa, é meu irmão. Gosto muito dele. Foi uma surpresa e muito complicado. Vê-lo e não poder tocar nas pessoas que amamos é sempre o mais difícil. E pior: eu não podia falar e ele não podia falar. Olhávamos um para o outro e ficávamos assim. Foi uma coisa muito fria.”
Semedo destacou ainda a importância das cartas na prisão: “As cartas são como dar um telefone a um miúdo de 10 anos. Dão muita vida. Quando saí, senti muito apoio e foi aí que fiz o ‘clique’ para selecionar as pessoas boas para a minha vida.”