Tudo o que disse Bruno Lage na conferência de imprensa de urgência
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O Benfica viveu momentos tensos nas últimas horas, especialmente para Bruno Lage. Após a derrota por 3-1 frente ao Casa Pia, o treinador enfrentou os adeptos em Rio Maior e teve uma conversa acesa com um grupo de adeptos na garagem do Estádio da Luz, que acabou por se tornar pública. Em resposta aos acontecimentos, o clube convocou uma conferência de imprensa para esta tarde, às 17h30, no Seixal.
Tudo o que disse Bruno Lage:
“Deixe-me antecipar já agora. Esta conferência deve-se a isso mesmo, a uma conversa que eu pensava que eu achava que era privada com um conjunto de adeptos à chegada a Lisboa. Fui ter com os adeptos da mesma forma quando ganhámos troféus tal como fui num momento menos positivo. Fui ter com os adeptos perto do autocarro, dizer-lhes que percebia perfeitamente. Depois, uma longa conversa de 30 minutos com adeptos que estavam à nossa espera. Pensava que era uma conversa privada mas veio a público e estou aqui para esclarecer. E passava já para o colega da CMTV para fazermos andamento a esta conferência de imprensa. Espero que fique já tudo claro porque temos um jogo muito importante para tratar. Quero que toda a gente fique já a pensar no jogo.”
Falou com Rui Costa após a saída do áudio?
“Falámos e a nossa intenção foi vir aqui e esclarecer em público o que se passou naquele áudio. A confiança é mútua.”
Problemas apontados no áudio:
“Que fique muito claro que a responsabilidade de o resultado de ontem, dos resultados e do insucesso é do treinador. A minha exigência com os meus jogadores é máxima. Há uma frase que é solta de um áudio de um minuto e meio, de uma conversa de 30 minutos. Aquilo que eu disse sobre a situação de não saltar, vinha do contexto do que tinha falado na conferência de imprensa, que uma equipa que chega ao 1.º lugar não pode sofrer golos daquela forma. Antes de ser público, isto é tudo apontado aos jogadores, através de uma análise ao que vamos fazendo. Tenho dito várias vezes que há algumas coisas que já conseguimos fazer bem, mas há outras que ainda não conseguimos. Há coisas que temos de continuar a trabalhar e isso foi visível nos últimos jogos. 5 ou 20 milhões? As coisas do mercado não funcionam assim, não se pode usar um jogador dos 20 milhões e usá-lo num exemplo… Há uma vontade muito grande e as outras frases que diz, que enquanto treinador português e que conhece a casa como ninguém, sentir que alinhado com estas pessoas que estão à minha frente de ter todas as condições para fazermos os ajustes para sermos ainda mais competentes. Continuo a acreditar muito no plantel, tem enorme qualidade, mas ainda temos muito para crescer.”
Instabilidade após vitória na Taça da Liga:
“Instabilidade vem dos resultados, mas estamos juntos. Temos consciência do trabalho que temos de fazer. Há coisas que já fizemos. Já nos aproximámos ao 1.º lugar, mas não fomos competentes quando lá chegámos. A jogar de três em três dias, os resultados é que vão dar estabilidade. Aprimorando a pergunta anterior, um treinador que é da casa e que percebe a exigência do Benfica sabe o que tem de dizer aos jogadores para perceberem essa exigência. Uma Taça da Liga não chega. Demos ontem um passo em falso no campeonato. Temos já um jogo muito importante na Liga dos Campeões e só dependemos de nós para seguir. Temos mais 15 jornadas pela frente, num campeonato que tem sido muito irregular, com várias equipas a perder pontos. Estamos na Taça de Portugal e na Liga dos Campeões. Esta equipa já provou que sabe jogar bem, falta-nos a consistência.”
Necessidade de dizer as palavras que passaram no áudio:
“Senti que foi uma conversa muito boa e espero que esta conversa seja mesmo nesse sentido. É verdade que vocês estão a fazer o vosso trabalho, mas esta conversa tem de ser para todos os benfiquistas. Estou muito seguro do que estava a dizer. Foi uma conversa de 35 minutos transformados num minuto e meio de áudio. O que eu quis passar é que a união é muito importante e eu tive oportunidade de dizer isso ontem. O quanto eu sofri e paguei por isso na pandemia, em que não senti esta pressão e o apoio dos adeptos e depois o treinador seguinte passou pelo mesmo. Neste momento, o que eu quis foi, de controlo emocional absoluto da minha parte, eu não podia passar pelos adeptos fora do estádio e não falar com eles e dar-lhes uma palavra. Nós sofremos muito, mas eles sofrem igual. Queremos confiança, que nós sabemos o que temos a fazer. Ainda temos muito para ganhar esta época.”
Confiança dos jogadores minada…
“Não mina, sabe porquê? Porque todas as análises, e aquilo que eu disse no áudio já tinha dito na conferência, eles sabem disso. Eles sabem o quanto custou e o que eles deram para chegarmos ao 1.º lugar. Eles próprios fazem uma análise crítica. A forma como temos sofrido golos não é de uma equipa que quer vencer e vencer provas. Aquilo que demonstrámos na Taça da Liga é aquilo que eu quero. Eles sabem qual é a exigência do clube e a minha exigência para com eles.”
Dificuldades em dar 3 toques frente ao Casa Pia:
“Muito simples. Vou fazer o contexto. Quem faz os jogos que nós fizemos, pelo menos os últimos quatro, depois de fazer o mais difícil: Sporting, Sp. Braga, Famalicão, Barcelona, Farense… e depois dos primeiros 30 minutos contra o Casa Pia e depois passar grande parte do jogo sem conseguir dar 3 toques seguidos e sofrermos da forma como sofremos o 2.º e o 3.º golo. Mal seria o treinador que tem visto esta equipa a jogar, que já provou que sabe jogar bem, que vinha a público dizer que esta equipa não sabe dar 3 toques seguidos.”
Kokçu e Cabral custaram mais de 20 milhões, está descontente com o desempenho?
“Houve um adepto que disse que temos um plantel com jogadores de 20 milhões e foi nesse sentido, e eu quis dizer-lhes o que é um bocadinho do funcionamento do clube. Usei como exemplo. Ser 20, 10 ou 5, foi um exemplo. Quis passar aos adeptos que as coisas não são feitas assim. O presidente está aqui à minha frente e nunca me pediu para jogar A, B ou C, nem enquanto diretor desportivo quer como presidente. Tenho total liberdade. Sou eu o total responsável.”
Mensagem para os benfiquistas:
“Não com as palavras que usei no final do jogo, quando me dirigi aos adeptos antes de chegar ao autocarro, mas de recordar e perceber que com o apoio deles – e precisamos do apoio deles – para sermos o Benfica. Perante um mau resultado é claro que a confiança dos adeptos em nós ficar menor, mas nós estamos convictos em fazer boas exibições e bons resultados. Queremos fazer já amanhã uma boa exibição. O quanto foram importantes na conquista de títulos, assim como na altura da crítica a ausência deles também foi péssima para nós. Há questões que estão completamente identificadas e vamos tentar retificá-las o mais rapidamente possível: as situações de bola parada e de transição de bola parada. Hoje já tivemos a rever isso de manhã.”
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA https://t.co/h3tSFan8xn
— SL Benfica (@SLBenfica) January 26, 2025