A reação do treinador do Moção que ganhou por 60-0 e foi campeão
O nome do clube Mação tornou-se este domingo conhecido, devido à controversa vitória por 60-0 contra o Benavente. Este resultado levou à conquista do campeonato distrital de futsal na última jornada, através do critério de desempate da diferença de golos com o Vitória de Santarém.
Ambas as equipas estavam empatadas em pontos antes da última jornada. A equipa de Santarém venceu o Ribeira Fárrio por 7-5, o que lhe permitiu ficar em segundo lugar no campeonato distrital de futsal.
O jornal Record conseguiu falar com o técnico do Moção, José Ferreira. “Estamos a ser envolvidos num problema que não criámos. Em termos cronológicos, o que aconteceu foi que a AF Santarém, pelo que percebi, primeiramente – e esta é uma informação para tirar noutras instâncias – alterou o jogo na terça-feira dessa semana. Estava marcado para as 18h30 e o do Vitória de Santarem para as 20. Tínhamos avisado a AF Santarém que o regulamento dizia que os jogos tinham de ser à mesma hora e que nos não conseguíamos chegar a acordo com o Benavente para ser às 20. Em teoria não havia pavilhão disponível em Santarém às 18h30 e tinha de ser o nosso jogo a ser alterado. Não obtivemos acordo com o Benavente e disseram que não iam alterar. Deduzo que possa ter sido a AF Santarém a decidir alterar o jogo”, começou por dizer.
“Na terça-feira, o jogo foi mudado para as 20 horas. Depois disso, o que me foi dado a entender em chamadas com a AF Santarém foi que o Benavente tentou avisar a Associação que não ia ter jogadores suficientes ou fazer falta de comparência ou arranjar maneira de ir a jogo sem pagar multa. Sendo a última jornada, a multa seria maior. Até aqui, o que entendi foi que o Benavente veio assim por não ter jogadores efetivamente. Veio para não pagar a multa de falta de comparência. Contudo, a ideia ou o que me foi transmitido ontem é que o Benavente, na sexta-feira, tentou falar com a AF Santarém, a dizer que isto ia acontecer ou que iam faltar, mas que estavam disponíveis para jogar domingo se os dois jogos fossem nesse dia”, continuou.
“Não posso confirmar porque a AF Santarém nunca entrou em contacto connosco para averiguar essa possibilidade. Resumindamente, foi isto que aconteceu. Até para nós é complicado vermo-nos envolvidos nesta situação. É uma situação que nos é alheia. Não sei se a questão de não jogarmos ou não fazermos o jogo naquelas condições, não sei se não seria falta de respeito para com o Benavente, que veio. Já tinham avisado as instâncias que vinham assim ou que não vinham. Nós, neste momento, não temos nada a ver com aquilo, exceto estarmos a levar com as balas perdidas destas decisões. É fácil tirar a limpo. É ver com a equipa do Benavente o motivo de terem vindo com três jogadores. Nós somos apenas o adversário que jogou contra eles. Sei que já se fala nas redes sociais, fala-se muito em corrupção e nada disso aconteceu. Estamos com a consciência tranquila e se tivermos de ir para outras instâncias, averiguar o que tiver de ser averiguado, estamos de consciência tranquila”, disse em relação a um possível adiamento do jogo.
Sobre se estas notícias mancham a conquista do Moção, José Ferreira foi claro. “Manchar? Claro que mancha. Queríamos ser campeões mas não era desta maneira. Mas eu, no fim do jogo, frisei uma coisa que foi que resumir um campeonato à ultima jornada é redutor. Quando entrei em janeiro, perdemos o primeiro jogo e tivemos uma série de 14 ou 15 jogos sem perder. Tivemos um empate. Acho que manchar, mancha, daí ainda não termos feito publicações sobre o campeonato e etc, porque estamos a ver como as coisas vão evoluir e o que vai sair daqui. Não sabemos o que vai acontecer daqui para a frente. Estamos de consciência tranquila e prontos para ir para qualquer instância resolver esta questão. Este episódio não poderá ser associado ao Mação FC enquanto obreiro dele. Há-de ficar bem claro que não houve nada tratado pelo Mação FC ou falado com o Benavente em relação a esse jogo. A única coisa que falámos com o Benavente foi inicialmente e a pedido da AF Santarém para alterar o jogo, porque, segundo a AF Santarem, já havia muitos problemas neste triângulo de AF Santarém, Benavente e Vitória de Santarém. Sabemos e foi-nos dito que existem processos, averiguações de outros casos que aconteceram entre os dois clubes e com o conhecimento da AF Santarém. A única coisa que estamos a levar é por tabela de um ato que só diz respeito ao Benavente”.
Sobre as várias acusações que o clube tem sido alvo no dia de hoje, o treinador foi firme nas palavras. “Quem olha única e exclusivamente para o resultado vai achar estranho, mas estamos tranquilos e estamos prontos para ir. Já observámos declarações de pessoas com cargos políticos, principalmente em Santarém, que, ao estarem a acusar-nos de corrupção, vão ter de provar primeiro e arcar com as consequências do que estão a dizer. Não podemos ser envolvidos num ato que não foi por nós criado”.
“Estava designado um elemento da AF Santarém para cada jogo, não sei se para entregar a Taça, mas se vinha fazer isso, fica mal. Esse elemento da AF Santarém abandonou o pavilhão antes do fim da primeira parte. Logo, não devia ser essa a postura. Se houver algo a averiguar, tem de ser feito pela AF Santarém. Mas fazer logo juízo e sentença antes de averiguar também não é justo e não deve ser aplaudido perante nós. Eles é que vão ter de tirar a limpo e estamos abertos a todos esclarecimentos”, concluiu o treinador.