Filho de uma lenda alertou para o maior problema do futebol
John Stiles ficou contente ao ver Raphaël Varane alertar o mundo para os perigos que os cabeceamentos e os constantes impactos na cabeça podem causar aos jogadores de futebol. Stiles perdeu o pai, Nobby Stiles, em 2020, vítima de encefalopatia traumática crónica, que lhe provocou demência, devido aos inúmeros cabeceamentos durante a sua carreira de futebolista.
O filho do antigo internacional inglês, que jogou contra Portugal no Mundial de 1966, agora dedica-se a sensibilizar os jogadores de futebol sobre os riscos das concussões cerebrais, conforme explicou numa entrevista ao jornal catalão ‘Sport’.
“Os futebolistas normalmente começam a ter sintomas entre os 50 e os 60 anos. O meu pai teve um período em que sentia uma ansiedade terrível. E muitos jogadores têm estes sintomas, de ansiedade e paranóia. É horrível ver como a doença se apodera de alguém que amas, ver essa pessoa desaparecer à tua frente. Mas é ainda mais horrível ver que os ex-jogadores não recebem ajuda suficiente. E as famílias veem-se obrigadas a vender as suas casas para pagar os custos dos tratamentos”, começou por dizer.
“A doença que está a matar futebolistas chama-se ETC, encefalopatia traumática crónica. De cada vez que sofres um impacto na cabeça, uma proteína solta-se do cérebro. Se não tiveres outro impacto, não há problema, mas os futebolistas fazem dezenas de cabeceamentos. Essa proteína assenta no cérebro e destrói-o”, continuou.
“Fiquei feliz quando o Varane falou do assunto porque escrevi aos 92 clubes profissionais de Inglaterra e a todos da Superliga feminina. Disse-lhes que o professor William Stewart – profissional de medicina em Harvard – e eu íamos falar com os jogadores sobre os perigos dos cabeceamentos e todos nos recusaram. Não nos deixaram falar com os jogadores. Estou convencido que não sabem e não querem que os jogadores saibam”, concluiu.