Pinto da Costa esteve no Tribunal do Bulhão a prestar o seu depoimento sobre o caso que interpôs contra Nuno Lobo
O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, compareceu no Tribunal do Bolhão, no Porto, para prestar o seu testemunho no processo de difamação que ele moveu contra Nuno Lobo, ex-candidato à presidência do clube. O incidente ocorreu em 2020, pouco antes das eleições no FC Porto, quando Nuno Lobo fez uma declaração durante uma entrevista que deixou Pinto da Costa ofendido. Nuno Lobo afirmou: “Ao contrário de Pinto da Costa, sou um homem íntegro.”
Pinto da Costa argumentou no tribunal que nunca deixará passar em branco a colocação em causa da sua integridade e que não tem problema em aceitar críticas relacionadas com a sua gestão.
“Qualquer candidato contra mim terá sempre espaço mediático, mas não tive a paciência de ler toda a entrevista, apenas a parte em que me alertaram sobre a minha integridade”, começou por dizer Pinto da Costa.
“Em cada adepto há um crítico e um treinador, pelo que não me ofendem as críticas, mas tudo o que coloque em causa a minha seriedade será tratado desta maneira, em tribunal. Todos os que coloquem em causa a minha seriedade têm este destino. Agora se disserem que as contas estão más, se compro ou vendo mal ou que escolho mal o treinador não me ofende nada. Se a ligar a tudo isso teria de me incomodar todos os dias, mas tudo o que meta a minha seriedade em causa eu respondo desta maneira”, continuou.
A juíza, insatisfeita com as declarações iniciais de Pinto da Costa, questionou o presidente do FC Porto sobre as críticas relacionadas com a situação atual do clube.
Juíza: “O senhor não tem tido muita oposição na presidência do FC Porto pois não?”
Pinto da Costa: “Não.”
Juíza: “Porquê?”
Pinto da Costa: “Acho que é porque não estão disponíveis para se candidatarem contra mim, porque basta ser sócio e ter as quotas em dia, mas também acho que é sempre importante para o FC Porto que haja sempre mais do que um candidato”.
Juíza: “Considerou a possibilidade da declaração em questão ter sido descontextualizada?”
Pinto da Costa: “Claro que sim e ainda mais indignado fiquei quando verifiquei o senhor Nuno Lobo foi ágil a esclarecer que não tinha dito nada daquilo e afinal o áudio da entrevista comprova que disse”.
Juíza: “O que queria dizer quando se referiu aos piscineiros da lista de Nuno Lobo?”
Pinto da Costa: “Piscineiros? Eu? Nem conheço o termo. Eu disse nadadores porque, efetivamente, a lista de Nuno Lobo tinha dois bons ex-atletas de natação do FC Porto”.
Juíza: “O senhor presidente disse que ficou ofendido por aquela declaração do Nuno Lobo, mas fica ofendido quando surgem as críticas de que há uma ditadura no FC Porto, ou quando dizem que está agarrado ao poder, ou que a direção está a destruir o clube, ou que se está a assistir à delapidação das contas do clube ou ainda que o seu último mandato foi um desastre?”
Pinto da Costa: “Não. São declarações de alguém que não tem argumentos. Já fui a 15 eleições, 15. Não prorroguei nenhum mandado. O meu entendimento sobre isso é que, se estou agarrado ao poder é porque os sócios me querem no poder. Nunca impedi ninguém de concorrer”.
“As opiniões de terceiros não me incomodam, nem me ofendem. São baboseiras que se atiram para o ar porque eu sei que toda a gente tem uma perspetiva diferente do FC Porto”.
“Também não sei onde está o delapidar do clube. Desde que entrei em funções construiu-se um estádio novo, um pavilhão novo e temos um centro de treinos”.
“Quem trabalha comigo, que é a opinião de quem realmente me interessa, sabe que isso não corresponde à verdade”, comentou Pinto da Costa.
Juíza: “Porque é que não houve um debate entre candidatos no último ato eleitoral?”
Pinto da Costa: “Nunca esteve previsto isso. O presidente da Assembleia Geral entendeu que isso não ia levar a lado nenhum e decidiu que todos os candidatos teriam direito a uma entrevista televisiva com a mesma duração”.