Talisca arrasa ex-presidente do Benfica e Jorge Mendes “ia ‘morder’ por fora e foi por essas coisas que eu não quis”
O avançado brasileiro Talisca, que teve passagem pelo Benfica e atualmente compartilha o vestiário com Cristiano Ronaldo no Al Nassr, abordou novamente a sua experiência no clube da Luz (2014-2016, 78 jogos e 20 golos), revelando detalhes dos bastidores envolvendo Luís Filipe Vieira e o empresário Jorge Mendes.
Talisca foi o convidado especial do podcast PodZé, onde explicou em profundidade por que recusou a oportunidade de ir para o Manchester United de José Mourinho quando ainda estava no Benfica.
“As pessoas perguntam-me por que não fui para o Manchester. Eu tinha um problema sério com um antigo empresário do Cristiano Ronaldo, que era o Jorge Mendes. Quando cheguei ao Benfica, assinei um contrato de parceria com o meu empresário do Brasil e com o Jorge Mendes. Ou seja, era ele que me representava fora do Brasil nessa transação do Besiktas para o Manchester, só que eu estava emprestado e pertencia ao Benfica, eram 45 milhões de euros em cima da mesa, todos reunidos com os empresários, cada um a falar da sua parte… Só que aconteceu uma coisa muito chata do ‘cara’ [Jorge Mendes] querer mexer no meu salário. Foi algo muito louco. Foi aí que disse que não queria ir. Na verdade, queria mexer na minha luva [prémio de assinatura]. Os trâmites da bola, coisas que não acontecem só na Bahia. É um procedimento normal, só que este era acima do aceitável e foi por isso que eu disse que não. Ele já tinha assinado um documento em branco com o meu nome a dizer ‘aceito ir para o Manchester United’”, começou por dizer.
“Não aceitei ir para o Manchester. O presidente do Benfica naquela época, Vieira, disse: ‘estás louco, não vais fazer isso, não vais fazer essa merda’. Disse-lhe que não queria ir. Tive de fazer uma assinatura e mandar em branco. Na altura, o treinador do Manchester era o Mourinho e ele já tinha discutido com Jorge Jesus, o treinador do Benfica, porque tinha dito que me tinha visto antes… é uma confusão que está lá no YouTube. Então assinei um documento a dizer que não queria ir para o Manchester e fiquei lá no Benfica, o meu contrato com o Besiktas já tinha acabado. No mesmo dia chegou a proposta da China. Já vais entender por que eu não fui para a seleção, calma. Saí da sala a chorar, chateado, liguei para a minha mãe e para o meu pai porque eu queria ir para o Manchester United mas com toda essa situação… sempre fui um cara muito desafiador e eu não gosto de nada que é errado”, continuou.
“Entreguei-lhes o papel mesmo e disse ‘está aqui’. Ficaram todos a olhar para mim com aquela cara do tipo ‘não acredito que ele acabou de fazer isto’. Quando saio da sala, dou de caras com um cara [chinês] na sala de espera para falar com o presidente do Benfica e ele não fazia ideia do que se estava a passar lá dentro. E quem era? Um cara do Guangzhou. Coisa de Deus! Foi aí que começou a briga entre Jorge Mendes e o presidente do Benfica. Depois sai o meu empresário [Jorge Mendes], o presidente e de repente vira-se a secretária: ‘presidente, está aqui uma pessoa a querer falar consigo’. ‘Manda entrar, manda entrar’, disse ele todo arrogante. Dez minutos após o chinês entrar, dizem-me que o presidente quer que a gente entre outra vez. Na altura eu não sabia quem era, só sabia que não era português”, disse ainda.
“‘Rapaz, tu és mesmo abençoado. Tenho uma proposta aqui para ti’, disse [Vieira]. Na altura penso que foi uma proposta de 25 milhões de euros. E eu perguntei-lhe: ‘E então para onde é, presidente?’ Ele diz-me que era para a China, só que ele não queria que eu fosse para a China, queria que eu fosse para a Europa. Porquê? Porque ia ‘morder’ por fora e foi por essas coisas que eu não quis ir. Eu respondi: ‘Só vou se aceitar as minhas condições. Se não, vou ficar aqui, vou terminar o meu contrato, sair livre e quem vai ficar a perder é o senhor’. O Jorge Mendes sentou ao meu lado e perguntou quais eram as condições, foi aí que o tal empresário, que levou todos os jogadores para a China naquela altura, disse que o meu salário era ‘X’. Quando disse que era ‘X’, disse logo: ‘Vamos embora!”, concluiu.