Zinchenko visitou a Ucrânia pela primeira vez após ter começado a guerra “são histórias reais”
Oleksandr Zinchenko, jogador do Arsenal, decidiu aproveitar o final da temporada para visitar a Ucrânia pela primeira vez desde a invasão russa. O jogador internacional ucraniano não escondeu seu choque ao ver o estado atual de seu país, mas fez questão de elogiar o povo ucraniano pela sua resiliência e determinação em enfrentar os ataques russos incessantes e tentar seguir em frente com suas vidas.
“Isto é uma guerra de verdade. Mas eu já percebi uma coisa: É incrível que o povo da Ucrânia se tenha habituado a isto e continue a viver a sua vida. O que o exército russo tem feito é enviar bombas durante a noite, da uma às cinco da manhã. Talvez pensem que as esssa horas as pessoas estão a dormir e querem tentar deixar o nosso povo com medo”, começou por dizer.
“Imaginem tentarem dormir à noite com os vossos filhos e de repente uma sirene começa a tocar. Precisas de acordar, ir para o metro, entrares no bunker e ficares escondido. Caso contrário, corres o risco enorme de perder a tua vida ou a tua casa. Tu nunca sabes onde as bombas e os mísseis vão cair. Há poucos dias a Rússia destruí uma barragem. As histórias que eu ouvi… Eu nem consigo explicá-las. Algumas pessoas nem tiveram a oportunidade de sair de casa porque o nível da água já estava muito alto. Uma das histórias mais assustadoras que ouvi é sobre uma mulher, que segurava dois bebés, um deles de apenas dois meses. Estava no telhado a segurá-los a tentar sobreviver. Infelizmente não conseguiu. E os bebés também não. Isto são histórias reais. Não são da internet. Isto tudo para quê?”, continuou.
“Vi os estragos numa escola. Falei com alguns miúdos que estudavam lá e alguns deles dizem que viram soldados russos nas suas casas. Alguns deles a roubar, outros a fazer coisas das quais nem quero falar. São histórias verdadeiras contadas por crianças. Fiquei em choque. As crianças não mentem. O futebol é a minha vida e quando estou no relvado começo a esquecer tudo. Desde a invasão russa que a minha cabeça ficou perdida, mas eu e a minha família temos de seguir em frente. Eu posso ajudar o meu país e as pessoas. Prometo isso e tenho a certeza que depois do futebol vou voltar a viver na Ucrânia”, concluiu.